Poderão as casas do futuro ser feitas de cascas de ovos ou ossos?
As preocupações ambientais estão na ordem do dia e a Britamontes procura estar atenta às inovações e desperta para todos os avanços tecnológicos que permitam a sustentabilidade na área da construção civil.
Os novos materiais e as suas potencialidades, estudadas pela ciência, são um tema interessante que exploramos neste artigo.
Num momento em que o mundo inteiro se confronta com as mudanças climáticas, precisamos urgentemente de encontrar formas de reduzir as emissões de CO2. Os setores que dependem essencialmente de combustíveis fósseis, como os setores da energia e da aviação, são normalmente apontados como os grandes culpados deste consumo abusivo destas matérias.
Mas o que a maioria não se apercebe ou reconhece é que existe outro grande responsável, escondido em segundo plano; e está nas ruas das nossas cidades e nos edifícios onde habitamos e vivemos.
Só em 2007, as produções de aço e cimento foram responsáveis por mais emissões de C02 que toda a indústria da aviação. Até alcançarem o seu resultado final enquanto materiais de construção, o aço e o cimento são processados a temperaturas muito elevados o que implica um enorme consumo de energia. Então, o desafio é: como reduzir a nossa dependência destes materiais “sujos”, quando estes têm um papel tão crucial na construção?
Uma das opções é usar materiais naturais, como a madeira. O Homem utiliza, há milhares de anos, madeira nas suas construções e, atualmente, este material tem conhecido uma nova popularidade, em parte por ser um material mais económico e sustentável. Mas há algumas desvantagens na construção com recurso a madeira: o material pode deformar-se em ambientes húmidos e é suscetível a ataques de pragas como térmitas.
Então, e se em vez se usarem materiais tal como se encontram numa natureza, conseguíssemos elaborar novos materiais inspirados na natureza?
Esta ideia surgiu nos anos 70 e foi ganhando consistência entre os investigadores, resultando no desenvolvimento da nanotecnologia e nos métodos de nanofabrico. Atualmente, estas áreas fazem parte de um campo alargado de pesquisa científica: a biomimética que, à letra, significa “copiar vida”.
A célula, como unidade básica da matéria, é frequentemente referida como uma espécie de bloco construtor da vida, mas, para criar um organismo pluricelular, as células devem ligar-se umas às outras suportadas por uma estrutura de materiais biológicos como ossos, cartilagens e músculos. E são estes tecidos e materiais biológicos que inspiram os cientistas interessados em biomimética.
Para conceber materiais biomiméticos é necessário um conhecimento profundo da forma como funcionam estes materiais.
Também sabemos que estes materiais naturais são compostos: construídos por diferentes materiais base, cada um com diferentes propriedades.
Engenheiros dedicaram décadas a medir a composição, estrutura e propriedades naturais de materiais da natureza como ossos ou cascas de ovo para que hoje sejam inteiramente compreendidas as suas características.
Por exemplo, sabemos que o osso é composto por proteína hidratada e minerais, em proporções quase iguais. O mineral confere-lhe rigidez e dureza, enquanto a proteína lhe atribui robustez e resistência a farturas. O osso, apesar de poder partir, é raro acontecer e tem a capacidade de se auto regenerar – esta é uma das propriedades que os engenheiros procuram trazer para a biomimética.
Tal como o osso, a casca de ovo é um material composto, mas por penas 5% de proteína hidratada e os restantes 95% de minerais. Mas, esta quantidade muito reduzida de proteína é suficiente para tornar a casca tão rígida, tendo em conta a sua espessura.
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